a artista
em seu
ateliê
CURSO ONLINE DE FÉRIAS
INSCRIÇÕES ABERTAS!
Vagas limitadas
de 14 de janeiro a 4 de fevereiro de 2025
Terças de 19 às 20:30h pelo Zoom* (4 encontros)
(*as aulas ocorrerão ao vivo, serão gravadas e disponibilizadas por 2 semanas para quem se inscrever na "modalidade gravada")
Quando falamos de ateliê imediatamente o associamos ao espaço privado e tradicional da produção de arte, o lugar onde a obra começa a ganhar forma em direção à sua plena existência. Com a necessidade de um espaço especializado para produção de arte, diante das técnicas e da operacionalidade, o ateliê se tornou de algum modo essencial no trabalho artístico. Em cada lugar, em cada língua, um nome diferente foi dado para este lugar de trabalho e de criação, sempre com o mesmo propósito de demarcar uma especialização: atelier, studio, taller, ateliê.*
Dentro dessa especialização, fruto do advento do artista enquanto categoria profissional na sociedade do Renascimento, também deveria haver uma necessidade outra, aquela que tem a ver com a autorrealização, ou melhor, com a necessidade relacionada à construção da identidade artística. Portanto, o ateliê tornou-se espaço de identidade do artista, ou seja, um espaço onde se conjugam características próprias, seja a partir de um determinado gosto, uma determinada produção (objeto, projeto, vídeo etc.), um modo de operação e até uma organização.*
Na relação entre o ateliê e a construção da identidade artística é necessário ressaltar a elaboração do mito do "artista gênio solitário". Esse ponto é fundamental para iniciarmos nossa investigação sobre as mulheres e seus espaços de criação. Onde entram as mulheres nessa discussão? A representação do ateliê adquiriu diversas formas ao longo dos séculos e o mistério da criação artística nos causa um encantamento. Isso se reflete nos espaços ocupados por mulheres também? Marie Bashkirtseff escreveu sobre seu quadro que representa uma aula com mulheres no ateliê Julian: "Quanto ao tema, não me fascina, mas pode ser muito divertido (...) O ateliê de uma mulher nunca foi pintado." A autorrepresentação é uma temática relevante em nossa investigação e vai no caminho contrário da afirmação da artista: na verdade, mulheres se pintam em seu ateliê há muito tempo.
As novas formas de pensar o espaço da prática artística, seja ateliê ou qualquer lugar, vem da necessidade da artista de ocupar um espaço próprio para a execução da obra, um espaço de isolamento e de concentração, de definição de uma rotina de trabalho, de agenciamento de carreira – recebendo curadores, galeristas e críticos – e como depósito de obras anteriores, inacabadas ou de materiais e sobras.
Nesse curso iremos compreender a relação das mulheres e seus espaços de criação considerando seus desafios diante da construção idealizada dos artistas homens brancos como geniais dentro da história da arte hegemônica e a busca por seu reconhecimento artístico. Trabalharemos com artistas que tenham registros de seus ateliês (em pinturas, gravuras, desenhos ou fotografias) e, ao mesmo tempo, discutiremos a ausência de imagens dentro de um projeto de invisibilidade de suas produções.
O nome do curso é uma referência aos diversos artigos que abordam os espaços de criação e que, na maioria das vezes, falam apenas de ateliês de homens. E também ao título de diversas obras que mostram artistas em seus ateliês durante séculos de história da arte. A autorrepresentação será um dos pontos fundamentais nesse curso.
* trechos da minha dissertação de mestrado defendida em 2016
Ela olha para si mesma,
de novo e de novo. (...)
Ela está num povoado à beira-mar ou numa aldeia nas montanhas, num quarto, num ateliê, num apartamento, num lugar, por mais pequeno que seja,
que ela pode chamar de seu.
Jennifer Higgie, The Mirror and the Palette
ENCONTRO 1
14/01: O ateliê e mito do artista genial
Veremos a história do ateliê até a consolidação da persona artística no século 19 e o protagonismo do ateliê. Discutiremos nessa aula o apagamento das mulheres na arte a partir do mito da genialidade do artista homem e branco. Nessa aula também será abordada a relação entre o pensar e o fazer nos espaços de criação.
ENCONTRO 2
21/01: A paleta e o espelho
Em muitas imagens de ateliês de artistas homens a mulher é representada, seja como modelo ou musa. Nessa aula discutiremos a importância da autorrepresentação da mulher artista e do seu ateliê. Veremos como o ateliê torna-se espaço do trabalho da arte e nossa discussão se prolongará até o surgimento da fotografia e os retratos das artistas em seus espaços.
ENCONTRO 3
28/01: Ateliês e processos de criação desde o modernismo
A partir das linguagens artísticas e materialidades discutiremos a relação entre os espaços e as necessidades de cada artista. Os exemplos serão focados em produções com linguagens diversas como a pintura, escultura, colagem, têxtil, fotografia, assemblage, desenho, gravura etc. para compreendermos a configuração de cada espaço.
ENCONTRO 4
4/02: Ateliê como um entre-lugar: porosidade e contaminações artísticas
Existem artistas que trabalham dentro e fora do ateliê. Essa é uma prática realizada desde o século 19. Outra forma de entender os ateliês como entre-lugares são os ateliês compartilhados, nada incomuns na história da arte e ainda hoje presentes no cotidiano artístico. Nessa aula falaremos sobre as contaminações artísticas.
BIBLIOGRAFIA E MATERIAL
Toda aula possui sugestão de leitura e material visual exclusivo para acompanhar o curso e aprofundar o conteúdo. Sempre digo que o material serve como uma continuação do curso. Nossas aulas são elaboradas através de pesquisa e conteúdo de qualidade. Focamos nos processos artísticos e em produções potentes e relevantes.
Praticamente todas as sugestões de leituras e material de pesquisa deste curso provém de artigos e livros acadêmicos (a maioria de mulheres teóricas) ou documentos de época. Além de sites e catálogos de instituições de arte e jornais/revistas online.
Por que entendemos o curso como um investimento?
Você sairá do curso com uma super bagagem artística e cultural, conhecendo mais sobre a História da Arte, porém a partir de uma perspectiva diferente e inovadora. O conhecimento é um bem imaterial que adquirimos para nos tornamos pessoas mais esclarecidas e conscientes dentro da sociedade. Ir a um museu com essa bagagem não impede e nem racionaliza a surpresa e experiência sensível com a obra de arte, ao contrário, potencializa sua relação com ela.
Bolsas integrais (PEDIDOS PARA ESSA EDIÇÃO SERÃO ACEITOS ATÉ 18/12 ÀS 10H)
PEDIDOS ENCERRADOS - Os próximos pedidos serão considerados para a próxima edição ou no caso de alguma desistência
Se você é pesquisadora e/ou artista que trabalha na área do curso poderá concorrer a uma bolsa integral caso não tenha condições financeiras. Para isso você deve escrever para umtetoseu@gmail.com . Cada edição oferece de 5 a 8 vagas para bolsistas. O formulário de seleção é aberto após o número mínimo de pessoas inscritas ser atingido.
Encontros ao vivo e gravações
Os 4 encontros ao vivo ocorrerão pela plataforma ZOOM. Um link único será gerado e disponibilizado por e-mail antes de iniciarem as aulas. As gravações dos encontros ao vivo serão disponibilizadas por e-mail no mesmo dia para quem se inscreveu na modalidade GRAVADO e ficarão disponíveis por 2 semanas.
Cancelamento e reembolso
As condições de cancelamento estão indicadas no formulário de inscrição de acordo com cada forma de pagamento.
Caso o evento seja cancelado (por motivo de força maior ou por não atingirmos o número mínimo de inscritas) iremos reembolsar o valor integral a todos os inscritos e estes serão comunicados previamente.
Imagens
Louise Bourgeois em seu ateliê por Porter Gifford
Maria Auxiliadora, Autorretrato com anjos, 1972.
Alexandre Cabanel, Michelangelo em seu ateliê, 1859.
Khadija Saye, Sothiou, 2017.
Ateliê de Barbara Hepworth
Foto do Feminist Studio Workshop, Los Angeles (década de 1970)
Marie Bashkirtseff, No ateliê (na Académie Julian em Paris),1881.